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Mostrando postagens de 2015

Ô, glória.

Faz 1 ano e 5 meses que saí da igreja evangélica, e é a primeira vez que vou falar disso especificamente. Pra mim, é um assunto complicado de se falar, levando pro lado pessoal, porque a minha saída foi um tanto traumática. Passei 3 anos dentro de uma igreja em que me senti muito acolhida, em um grupo que eu considerava uma segunda família. Convivia com aquelas pessoas quase metade da semana, passava quase todos os feriados com eles, enfim. Sabe aquela conversa de "irmão" na igreja? Pois é. Era como eu realmente me sentia com eles. Por 3 anos, tentei me encaixar ali. A beleza de tudo aquilo, pra mim, era que diziam "todos somos pecadores", então, era normal eu me sentir diferente, e tantas coisas não fazerem sentido por inúmeras vezes. Por outro lado, era muito bom algumas vezes imaginar que, em algum lugar, eu teria algum conforto, porque tinha um deus que me ajudaria de alguma forma e tudo ficaria bem. Eu só precisava deixar de ser quem eu era, e abrir mão de se

Sobre lutas, vivências e o pensar

Sempre fui muito influenciada pelo gosto musical do meu irmão, e uma das músicas preferidas dele e que eu também me identifico muito é metamorfose ambulante. Eu poderia dizer que esse último ano, especificamente, foi de mudanças pontuais na minha vida. Porém, se eu analisar bem, minha vida nunca foi calmaria nem estática. Em 30 anos, posso dizer que já tive algumas vivências significativas. Muitas delas não foram fáceis, é verdade. Várias continuam não sendo. E, a bem da verdade, já fiz e refiz escolhas que muitas outras mulheres da minha idade começam a pensar agora. Não acredito em regras fechadas pra vida, mas, sim, confesso que muitas vezes já pensei que poderia não ter feito essas escolhas quando as fiz. Já fui casada, tenho 2 filhos, já me separei, e hoje estou num processo de tentar me divorciar. Bissexual assumida, com depressão grave e crônica, transtorno de ansiedade, colecionadora de traumas, alguns cursos superiores largados no meio do caminho. Já tentei ser wicca, evangé

Maternidade compulsória

Precisamos falar sobre maternidade compulsória. Uma das formas de dominação dos homens sobre nós, mulheres, é através da reprodução. Não é à toa que existe essa cobrança desenfreada pra que tenhamos filhos assim que passamos, geralmente, dos 25, ou, tão logo resolvamos juntar as escovas de dentes. É uma cobrança tão naturalizada, e é tão intrínseca à nossa socialização, que nós a internalizamos. É muito comum em rodas de conversas de amigas a partir dos 25 anos essa preocupação. Ainda que hoje em dia seja cada vez mais comum ver mulheres tendo filhos depois dos 38, muitas mulheres continuam se preocupando com o fato de não terem tido seu primeiro filho antes dos 32/35 anos. Quantas mulheres conhecemos que, de fato, já se questionaram honestamente se realmente querem ser mães? Quantas mulheres conhecemos que já refletiram sobre a maternidade, a maternagem, e tudo que isso implica? Existe, junto com essa socialização, uma romantização da maternidade, e isso é algo muito grave e muito

A dor.

Vai ser difícil olhar pro lado e não te ver, dormir ou acordar sem pensar em você. Vai ser estranho pensar nos invernos sem dividir o cobertor, ou em algumas músicas que você me roubou, e as minhas manias que só você via. Não sei como vai ser comer milho sem lembrar de você, ou me livrar da saudade das agonias, e pensar no jardim e na horta que a gente teria. Tô tentando voltar do futuro que a gente ia ter, tô me buscando de volta dos sonhos que eu tinha com você, e me resgatando de todos aqueles planos que fiz pra gente. As noites podem ficar um pouco vazias sem o teu peito, e, às vezes, parece que o chão fica um pouco instável sem o teu colo. O mundo ainda pode soar absurdo sem teus abraços, e tem uma dor funda que vai insistir um pouco, e ela rasga e grita como um diabo. Mas, talvez, a desavisada fui eu, que não vi que amor que pede afeto, só pode ser desamor, e o dia que te pedi pra que não transformasse nosso amor em uma música de dor, foi o princípio do fim, como disse outra c
Parece que faz uma eternidade Eu cheguei com uma mochila E a gente se encaixava Eram só 3 dias De repente foi um mês, E eu te quis pra vida inteira. Parece que foi em outra vida Você curou tantas feridas E aquela saudade desconhecida O abraço que me acolhia. Nem parece Mas foi outro dia Meu lugar era no teu peito E os teus sonhos, Eram os meus sonhos E contigo Qualquer música fazia sentido E só no teu colo que eu cabia. Mas a vida desandou E o poeta se amargou E o nosso mundo desencontrou E a nossa língua não era mais a mesma. Teus olhos se desencantaram E nossas vozes não harmonizavam E meu lugar deixou de ser meu. Tu falavas de amor Enquanto via opções Meu coração gritou de dor. E agora o tempo fica confuso E será que foi verdade?

Não vamos falar sobre isso

Depressão. Convivo com a depressão diagnosticada há 5 anos. É uma doença que, quem tem, ainda sofre muito preconceito (é desacreditada, é invisibilizada, pouca informação), além de ser, geralmente, uma condição muito solitária. Geralmente, a gente vive num limiar entre estar vivo e não querer estar, ou perder as esperanças, ou as forças. É bem tenso, é bem pesado.  Diferente de algumas outras doenças não contagiosas, em que as pessoas mais próximas procuram entender melhor, a depressão geralmente causa um certo estranhamento e afastamento. Ninguém quer falar sobre isso . No máximo, vão perguntar como está indo o tratamento, e como você está no dia.  A questão é que, quando a pessoa faz um acompanhamento com psicanalista, muito provavelmente, ela vai começar a fazer reflexões. E, querendo ou não, todos nós estamos um pouco doentes. E a família tem um papel essencial nesse processo depressivo. Entretanto, a família, geralmente, é a que menos se envolve nesse processo de cura. A dinâmi

Por hoje

Hoje eu resolvi não chorar mais pela mesma ausência E não calar mais pelas mesmas opressões E não ser mais silenciada pela aparência Hoje eu resolvi gritar bem alto Decidi assumir minhas dores E viver meus traumas E não aceitar meios amores Ou esperar dever favores Hoje eu percebi um circo de horrores E quantas vezes me fui roubada Ou tantas vezes que me enterraram E todas as vezes em que pedi socorro E até aquelas que eu era só a carcaça Hoje eu lembrei dos dias em que eu me senti nada De toda uma vida mandada pro quarto Daquela voz que foi sufocada E uma força que já esteve aqui Hoje eu recordei que não foi só na ordem de nascer Mas foi toda uma inexistência Não foi só uma simbologia de palavras Era indigente de não ser, não merecer Hoje eu pensei em quando havia esperança E todos viram ela ser despedaçada Esmagada Cortada Humilhada Até esvair Mas hoje eu não vou mais pedir Ou chorar Perguntar Nem tentar Hoje eu não quero saber Recomeçar Ou acreditar

qualquer coisa que se sinta

Já estive aqui antes. É difícil descrever, quando parece que todos os sentidos estão dormentes, mas em funcionamento. Existem cores, mas todas dão a mesma sensação que o cinza comum. Não tem qualquer cheiro ou sabor que seja mais atraente. Não existe desejo, alegria ou tristeza. É como a sensação da peridural, só que na alma. Da primeira vez, foi assustador. Dessa vez, já é um pouco familiar, e eu já sabia que estava pra acontecer. Começa com as crises de ansiedade, o desespero, o sufocamento. Depois, é como morrer um pouco, por um tempo, talvez. Sim, a vida não é fácil. Nunca foi. Não, a falta de empatia e compreensão não ajudam. Viver sem existir, um castigo sem culpa. Anulação. Anulação da voz, do ser, do fazer. Meritocracia é lixo. Social, pessoal. E vergonha. Um dia houve força. E vontade. E empenho. Uns nascem primeiro. Outros viram sombra. O problema é que o sol se põe.

Sobre ser mãe e padecer no paraíso

Hoje li um texto sobre o Lado B da maternidade, e fiquei pensando... Sim, é maravilhoso. Sim, eu sempre sonhei em ser mãe, desde que me lembro, e isso ultrapassava qualquer sonho de véu e grinalda. Eu simplesmente sempre tive um instinto maternal muito forte. Não sei se até que ponto a construção social me influenciou nisso, e até que ponto isso foi inato, só sei que sempre sonhei em ser mãe. Qualquer pessoa que tenha me conhecido com meus filhos bebês pode comprovar isso: era nítido que aquilo era um sonho realizado. Na última faculdade que cursei (e larguei), ouvia as pessoas dizerem que minha família parecia uma família de "propaganda de margarina". E eu nunca soube dizer o quanto aquilo era problemático, até me separar. Fato é que não existem famílias de propaganda de margarina. Não existem sequer momentos de famílias de propagandas de margarina, por mais deliciosa que seja a maternidade. Falo com toda a sinceridade que, pra mim, a experiência de amamentar foi tão gos

Sobre família

Esses dias teve a votação sobre a "definição" de família na tal Comissão, e agora o assunto foi pro Congresso. Os conservadores insistem que só pode ser considerada família aquela que for formada por homem, mulher e filhos, ainda que, dentre eles, essa composição já tenha ficado ultrapassada, porque a instituição faliu há tempos. É irônico que algumas pessoas queiram impor seu modo de viver à outras pessoas, como se, de alguma forma, isso influenciasse na própria vida delas, ou se, de alguma forma, a felicidade delas tivesse qualquer ligação com isso. Não entendo, não sei lidar. Pior ainda é quando pais fazem isso. Que fracasso, que patético. Mesmo com dados alarmantes de pessoas que entram em depressão, cometem suicídio, etc.,( http://blogsdagazetaweb.com.br/diversidade/o-suicidio-entre-adolescentes-homossexuais/   http://www1.folha.uol.com.br/folhateen/822698-discriminacao-leva-jovens-homossexuais-ao-suicidio.shtml   http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/02/apos-bullyi

Um brinde à família tradicional brasileira

Hoje eu brindo à família tradicional brasileira, machista, patriarcal, homofóbica, lesbofóbica, preconceituosa, misógina e opressora, mas que adora a novela das 20h da Globo, com qualquer casamento falido, mulher apanhando do marido, filha infeliz ou filho drogado, desde que não se invada a tv com beijo lésbico, ou se fale de pessoas que precisam de democracia e vivem o horror da desigualdade nua e crua.  Um brinde a esse sistema que aprisiona as mulheres em moldes de beleza pra agradar a todo mundo menos a nós mesmas, que nos enche de primer, bb cream, pó compacto, pó translúcido, blush, sombra, corretivo, bronzer, pó iluminador, lápis. Mas, não dorme de maquiagem! É um horror pra pele, menina! Um abraço pra quem inventou a dieta dukan, a da proteína, a vegetariana, a da sopa, a da papinha, a das notas, a dos pontos, das calorias, dos biotipos, do tipo sanguíneo, a detox, a maromba. Nossa, vai sumir desse jeito! Ih... Comendo desse jeito, depois não consegue emagrecer. Obrigada,

o luto do nosso amor

Eu precisei ir embora. Quando o cansaço chegou, a força acabou e a minha energia esgotou. Aquele desgaste, como o da roupa que a gente usa tanto até desbotar, perder a forma, não caber mais na gente.  Eu sei, você sentiu eu me distanciar antes mesmo que a minha voz saísse. Te avisei, sou muito transparente - não me dou ao trabalho de ser quem não sou. Mas a verdade, meu bem, é que você me afastou, e você sabe disso - eu não preciso te lembrar. Não precisamos por as cartas na mesa, prestar contas, jogar acusações, dívidas e dúvidas. Se em time que tá ganhando não se mexe, em amor interrompido é melhor calar.  Me afasto de ti com respeito pelo que vivemos. Com a certeza de que me dei por completo, e que te dei todo o meu amor durante o nosso tempo.  Nos deixo com a dor pelo que não foi e com a saudade dos sonhos que não serão vividos, mas, com a certeza de que demos o melhor de nós e, como disse o poeta, sim, foi infinito enquanto durou. 

Semana da visibilidade lésbica

Talvez eu não esteja em posição de falar sobre isso. Talvez sim.  A verdade é que mulheres lésbicas e bissexuais sofrem tanto lesbofobia quanto invisibilidade. Temos nossa sexualidade questionada a todo tempo. Somos fetichizadas, objetizadas, desacreditadas, apagadas, desconsideradas do movimento.  Demorei pra perceber que o movimento LGBT é muito mais sobre o G do que sobre as outras letras. Demorei anos pra perceber que existem gays misóginos, porque tive a grande sorte de, até hoje, ter tido amigos gays ótimos. Demorei pra perceber que nós somos desacreditadas. E, infelizmente, a sociedade continua negando a sexualidade das lésbicas e bissexuais.  Ser bissexual é complicado. As lésbicas pensam que mulheres bissexuais são infiéis e a qualquer momento vão sentir falta de um homem. Já os homens pensam que as mulheres bissexuais são um objeto sexual pronto pra fazer um mènage na primeira oportunidade. Não. Simplesmente, não. Existem pessoas infiéis de qualquer gênero e sexualidade. E pe

Eu tenho medo de "gente de bem"

Pois é. Não me leve a mal - também tenho medo de estupro, assédio, assalto, ser assassinada, ou que qualquer pessoa que me é querida sofra por qualquer um desses crimes, afinal, não vivo em um dos países mais seguros do mundo. Porém, também sei que não vivo em um dos países em que a distribuição de renda é das melhores. Existe um abismo social imenso no Brasil. Então, peraí. Antes que você me aponte o dedo na cara com aquele discurso "direitos humanos pra humanos direitos", gracinha, deixa eu te explicar uma coisa: sou a favor dos direitos humanos, e, pra mim, ser humano é ser humano, "ponto". Deu pra entender? E, se vivemos em sociedade, respeitamos leis. Ou, pelo menos, deveríamos. Se cada um fizer uma lei pra si e for seguir os seus próprios conceitos pra viver de acordo, acho que aí já vira outra coisa. Eu tenho medo de "gente de bem" porque é nesse meio que vivem aqueles da classe média alta das nossas cidades e queimam índios (e depois justificam,

Foda-se :)

Dia desses aconteceu uma situação que eu considerei devastadora na minha vida pessoal, e me levou a querer me afastar do Facebook por uns tempos. Fiquei mais do que decepcionada com o quanto o ser humano pode ser cruel e irracional quando sua lente é posta em questão, principalmente quando este ser é conservador. E, não, não sou preconceituosa, mas a vivência tem me mostrado que estes são, geralmente, os mais intolerantes, visto que eu já estive desse lado da moeda. Comecei esse texto umas 5 vezes na minha cabeça. É que essa situação me deu uma boa desequilibrada mesmo. Me tirou um tanto o chão, até eu começar a enxergar mais além, pensar mais racionalmente, voltar um pouco no tempo. É realmente difícil pra nós, que nascemos em um meio privilegiado, não tivemos privações, estudamos sempre nas melhores escolas, tivemos acesso a cursos complementares, mesada, só conhecemos a periferia se quiséssemos, enfim. Nós, que somos a minoria nesse país de abismo social, que temos passaporte, fal

Dia Mundial do Orgulho LGBT

Como eu sempre disse(aqui e ali), sempre fui muito verdadeira comigo mesma e com os outros, na medida que o meu subconsciente me permitiu. Claro, passa o tempo e a gente vai descobrindo que algumas coisas não eram bem assim ou assado, e a gente vai se conhecendo melhor. O que eu quero dizer é: sempre vivi aquilo que eu acreditei ser a minha verdade. Nunca me escondi de ninguém. Sou impulsiva, e sempre paguei o meu preço por isso, sem correr pra debaixo da saia da minha mãe pra me esconder. A minha família criou uma cultura própria de ser muito reservada, muito de cada um na sua. A gente conversa, claro. Mas certos detalhes mais íntimos, acho que sempre ficaram mais entre os meus pais, ou entre o meu pai e o meu irmão. Venho de uma família tradicionalmente patriarcal, o que significou várias frustrações seguidas ao longo da minha vida por ter me espelhado profissionalmente no meu pai, enquanto o meu destino, desde que nasci, sempre foi viver à sombra do meu irmão, no matter what.  Cla

Sobre amores

Tenho me impressionado deveras com as reviravoltas da vida. Nunca entendi de amor romântico, porque sempre tive necessidade de racionalizá-lo. Por outro lado, acredito que tive um ótimo exemplo de uma companheira pra vida dentro de casa - a minha mãe. Então, mesmo não sendo lá das pessoas mais vividas desse tal louco amor, sei que sou das que chega no limite dos limites pelos relacionamentos aos quais já me comprometi. Me disseram que amor não se entende, se vive. Acho que deve ser isso mesmo. Não tem regra nem fórmula, né? Eu, apaixonada que sou, sou de me jogar de cabeça, e, modéstia à parte, sou uma ótima namorada. Me esforço sempre até o último segundo, literalmente. Por isso que, quando canso, canso de verdade. E, sou tão legal, que vou avisando. O problema é que os homens  as pessoas(no meu caso) inventaram (e acreditaram) nesse mito de que as mulheres falam por falar, e tem mania de dar valor quando perdem. Nas comédias românticas pode até funcionar. Não comigo. E nem é por or

Sexo frágil? Não, obrigada.

Uma das questões nessa luta do feminismo que muitas mulheres batem o pé é o lance do sexo frágil. Acredito que, ainda que a minha geração tenha quebrado alguns tabus, fomos educadas, ainda, como sendo o sexo frágil. Muitas de nós tivemos um irmão, um priminho, um amiguinho pra nos defender desde a infância. Eu tive. Sou a neta mais nova das duas famílias, e da família do meu pai, vim depois de uma leva de meninos com uma diferença de 1 ano de idade. Cresci, até certa idade, com um desses primos, e ele sempre tava lá pra me defender do que quer que fosse. Eu me sentia segura, porque era quase como se ele fosse onipresente. Eu era intocável. Na escola, todos da nossa faixa etária tinham medo dele. Na nossa rua também. E assim foi, até o momento em que cada um foi pra uma rua diferente, uma escola diferente, e eu me vi totalmente desprotegida. Sempre fui o que chamam de "menina invocada". Então, continuei arrumando confusão. Só que, dessa vez, eu comecei a ter que ir pra porrad

Feminista demais

Não tem muito tempo que eu tive o meu despertar pro feminismo. Acho que, no fundo, sempre tive algo que, mais cedo ou mais tarde, me levaria a isso. Nasci e fui criada em uma família tradicional e patriarcal, em que as meninas ou não tem vez, ou, até tem, mas no último lugar da fila. Sempre rolou toda uma hierarquia, e esse foi um dos maiores incômodos da minha vida, porque independia de méritos ou esforço. Era simplesmente assim que as coisas eram. Cresci e percebi que, de uma forma talvez um pouco mais amena, a sociedade é assim também, e que isso é uma questão tão profunda e tão vasta, e exige tanta reflexão, estudo, pesquisa e vivência. Muitas mulheres, inclusive do meu convívio, não despertaram pra isso, e nem sei se um dia vão despertar. Me entristece, porque afeta a todas nós, desde o nascimento, por mais privilegiadas economica ou socialmente que possamos ser. Mas, de fato, pra enxergarmos e sentirmos isso, é preciso uma reflexão muito profunda, um mergulho pra dentro de si e

Relacionamentos?!

Relacionamentos amorosos são complicados e não são. Ao meu ver, parecem um quebra-cabeça, mas o sentido deles é somar, e não estressar ou ser um peso na vida dos participantes do processo. Com essa minha mania de separar muito as coisas da razão e do coração, achava que o ciúmes era meio sem sentido. Só mentira. Já fui ciumenta, por insegurança. Digo, aquele ciúmes imenso. Fora isso, sempre me achei muito tranquilona. Até outro dia - quando, num post no facebook fui comentar isso e me falaram "então é porque faltava sentimento". Será?!, me perguntei. Pode ser... Quando tem paixão, a gente sente um ciumezinho. Nem que seja aquela coisinha pequena, mas sente, realmente. Quando passa disso, fica chato, vira prisão, e logo acaba com a paixão do outro, que não consegue nem respirar. Acho que um lugar como em começo de relacionamentos é o ciúme do passado recente. Ciúmes de ex. Rola uma insegurança da porra, principalmente se @ ex foi uma pessoa importante. Mas, como tudo passa,

Sobre príncipes e princesas

Daí que hoje uma amiga postou falando sobre o lance da ilusão que os clássicos de princesas da Disney criaram em algumas gerações de mulheres, e isso é algo com que eu sempre brinco, mas acabei pensando um pouquinho mais sobre, hoje. A minha geração, dos anos 80, cresceu com esses desenhos. Eu, particularmente, amo de paixão. Perdi as contas de quantas vezes assisti A bela e a fera (meu preferido, ever!). Claro que isso não significava que eu não me derretia com Cinderela, A bela adormecida, Branca de neve... aliás, adorava Branca de neve e todas as musiquinhas que rolavam. Porém, contudo, todavia, entretanto... não tem como negar que a gente cresceu com uma ilusão de, um dia, encontrar um par perfeito, que, no fim das contas, "salvaria o dia". A mensagem era sempre a mesma: rolavam mil coisas, e, no final, o príncipe encantado, lindo, fofo, romântico, atencioso, e todo esse blablabla, viria, e resolveria tudo. Fim. Felizes para sempre - porque ELE era A solução. A princesa