Pular para o conteúdo principal

Sobre família

Esses dias teve a votação sobre a "definição" de família na tal Comissão, e agora o assunto foi pro Congresso. Os conservadores insistem que só pode ser considerada família aquela que for formada por homem, mulher e filhos, ainda que, dentre eles, essa composição já tenha ficado ultrapassada, porque a instituição faliu há tempos.
É irônico que algumas pessoas queiram impor seu modo de viver à outras pessoas, como se, de alguma forma, isso influenciasse na própria vida delas, ou se, de alguma forma, a felicidade delas tivesse qualquer ligação com isso. Não entendo, não sei lidar.
Pior ainda é quando pais fazem isso. Que fracasso, que patético. Mesmo com dados alarmantes de pessoas que entram em depressão, cometem suicídio, etc.,(http://blogsdagazetaweb.com.br/diversidade/o-suicidio-entre-adolescentes-homossexuais/ http://www1.folha.uol.com.br/folhateen/822698-discriminacao-leva-jovens-homossexuais-ao-suicidio.shtml http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/02/apos-bullying-homofobico-garoto-de-11-anos-tenta-se-matar-e-comove-os-eua/ https://www.youtube.com/watch?v=XYtCHHW5uAo ) ainda existem pais que insistem nessa idiotice. No famoso discurso de "pelo menos se preserve"(ou seja, faça-se de heterossexual na sociedade, não nos faça passar vergonha), ou que comparam a homossexualidade com crime, ou que vêem a homossexualidade como doença(OI?!), e mais mil absurdos que ainda ouvimos por aí.
Cai por água todo o mito de "amor incondicional" quando se trata de homossexualidade dentro da família, em grande parte dos casos. Em pleno ano de 2015, ainda não são casos isolados.
Eu tenho essa característica de ser meio sarcástica quando não consigo sequer compreender o outro lado. Mas me choca muito esse conservadorismo exagerado. Me assusta, pra falar a verdade. Porque a pessoa ser heterossexual é ok, mas daí a ela se incomodar por outras pessoas não o serem e quererem ter direitos reconhecidos, eu realmente não consigo entender. Não consigo compreender aonde essas pessoas pensam que a família delas tá sendo ameaçada, e porque a heterossexualidade tá sofrendo alguma ameaça aí. Ninguém vai ser forçado a virar homossexual. São coisas tão distantes. Não sei. É o tal idiotismo? Burrice? Não sei. Fico confusa com esse pensamento.
Percebo que existe uma pressão, repressão e opressão muito grandes também pra que se mantenha o tal status quo da tal família tradicional brasileira. Isso é triste e muito violento, e precisa ser parado. Aliás, a cada dia, crio mais asco dessa expressão. Acho que essa tal FTB faz muito mal às pessoas. Não é legal. É quase o novo bicho papão. Isso precisa parar, gente. Não tá legal, não. Daqui a pouco tá todo mundo da minha geração tendo que tomar remedinhos. Se é que já não tá, né.
Quando é que as pessoas vão entender que mandar alguém não ser quem realmente é, é uma puta duma sacanagem? Isso é cruel. Vamo refletir, galera.
O conceito de família tá se deturpando. Agora é o Estado que tá definindo isso. Sério. Quão bizarro isso soa pra vocês?!


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Esse tal coração calejado

Pra expressar a dor, é preciso vomitá-la. Chegar ao fundo dela, rastejar. Passar pelo processo da negação, da dormência. Depois, sofrer. Sentir o nó na garganta, a dor no peito, que passa pro corpo, e vem a febre, os soluços. Aí sim. Só tem um coração calejado quem já sofreu demais. Várias vezes, ou intensamente. E talvez não exista expressão melhor pra definir do que essa.  Um coração calejado não sente com tanta facilidade. Ele é duro, aguenta porrada - é calejado. Claro, tem sempre algum machucado novo que pode foder com ele. Aí, é aquele processo de novo.  Sempre me neguei a generalizar as pessoas, a desacreditar do amor, a me amargurar. Sou otimista por natureza. Porém, com o tempo, acho que a gente fica mais cautelosa. Ou mais desiludida mesmo.  É um exercício diário o de me lembrar, constantemente que, existem sim pessoas boas, honestas, sinceras, legais, e que valem a pena.  Só estão comprometidas.   E, claro, existem uns machucados piores que os outros. Normalmente,

Carta para minha futura nora (2)

Esses dias vi circulando no facebook uma  "carta para minha futura nora" , e eu, sendo mulher, alinhada politicamente ao feminismo radical, mãe, não pude deixar de problematizar... Pensei, pensei... por fim, resolvi escrever a minha própria versão de carta para minha(os) futura(os) nora(genros). Vem cá, vamos conversar. Esqueça tudo que você já ouviu falar sobre sogras. Eu não te vejo como concorrente, e tenho plena consciência de que o tipo de relacionamento que você e meu filho tem é completamente diferente do relacionamento que eu, como mãe, tenho com ele. Nós podemos ser amigas, e, pra te falar a verdade, ficarei muito feliz se formos. Não, você não precisa se preocupar em me agradar demais pra me conquistar nem nada disso. Veja, eu não vejo meu filho como uma extensão de mim. Sim, eu o amo muito, e tenho ensinado a ele tudo aquilo que acredito ser importante pra que ele possa caminhar com os próprios pés e fazer as próprias escolhas. Como mãe, meu maior desejo é que

“Sempre em frente, não temos tempo a perder”

 Pensar no que já foi não vai te ajudar em nada. É preciso esquecer, por um tempo, um pouco do que se viveu, pra deixar partir. O luto vem, querendo ou não. Dói. Mas sempre tem um amanhã, com novas promessas de novas memórias, como se todos os dias fossem como um ano.  É preciso deixar morrer. É preciso se conter, pra não ter por insistência o que já não era pra ser. É preciso força, coragem, resiliência. É preciso entender que sonhos e promessas só são verdadeiros no momento em que são idealizados, e as coisas mudam antes de um piscar de olhos. E, não, não há nada que se possa fazer pra impedir.  É preciso aceitar morrer. Aceitar não ser(mais). Aceitar perder e ser perdida.  É preciso acreditar que, eventualmente, as lágrimas secam e o sol nasce outra vez, com novas cores, sabores, amores.