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“Sempre em frente, não temos tempo a perder”

 Pensar no que já foi não vai te ajudar em nada. É preciso esquecer, por um tempo, um pouco do que se viveu, pra deixar partir. O luto vem, querendo ou não. Dói. Mas sempre tem um amanhã, com novas promessas de novas memórias, como se todos os dias fossem como um ano.  É preciso deixar morrer. É preciso se conter, pra não ter por insistência o que já não era pra ser. É preciso força, coragem, resiliência. É preciso entender que sonhos e promessas só são verdadeiros no momento em que são idealizados, e as coisas mudam antes de um piscar de olhos. E, não, não há nada que se possa fazer pra impedir.  É preciso aceitar morrer. Aceitar não ser(mais). Aceitar perder e ser perdida.  É preciso acreditar que, eventualmente, as lágrimas secam e o sol nasce outra vez, com novas cores, sabores, amores. 
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Só mais um dia

Aquela rede de proteção toda cortada na janela do seu quarto do 5º andar era um gatilho. Recortou numa das muitas tentativas, e ficou lá como lembrança. Passava horas do dia encarando aquilo, decidindo pular ou não. Às vezes, depois de um tempo, chorava compulsivamente pensando no sofrimento que causaria em quem ficasse. Outras vezes, era uma apatia, quase como um imã chamando pra pular.  Passou a tarde assim. Olhando, encarando, estudando movimentos e posições, onde cairia, como cairia. Depois, chorou.  Nesse dia teve sessão com a psicóloga. Como sempre, muito boa. Porém, ao terminar e recorrer a outra ajuda, um balde de água fria. Ok. Voltando pra rede de proteção, que já não protegia mais. A janela vivia fechada agora. Mais choro. E o vazio, e a solidão. Ok. "Preciso levar os meninos pra comprarem roupas', pensou. E foi, no automático. Como não acontecia há mais de um ano, descontrolou-se e comprou compulsivamente. "Uma camisa só, tudo bem." "Mais uma não tem

Tudo passa

  Vai demorar um pouco, mas vai passar. Deixar pra trás os planos e sonhos, o colo e o aconchego. O cheiro.  Tentar não se perguntar como que, depois de quase virar um, se divide de novo em dois. As partes que ficam um do outro, e as partes nossas que talvez também fiquem no outro. Como dissociar, como se desfazer e refazer, sem derrubar partes no abismo do sofrimento? Como separar um corpo e uma alma sem sangrar ou dilacerar? Como dormir na cama vazia, e, no meio da noite, não ter a quem abraçar? Como acordar sem a voz, sem o abraço, sem o sorriso?  Como pensar em um futuro diferente, quando tudo parecia planejado e encaminhado, mesmo com os percalços que, de mãos dadas, seriam superados juntos?  Como?  São tantas perguntas sem respostas, tanta dor sem paliativo, tanto horizonte sem um norte.  As risadas, as brigas, as conversas, os silêncios… tudo ficando pra trás, numa tentativa desesperada de se segurar naquilo, pra perdurar mais uns minutos, uns dias?  O choro vem e vai. Às vezes,

Tem sempre um amanhã

Parece o fim do mundo, mas é só o fim de um ciclo.  Parece que a dor vai rasgar o peito, de dentro pra fora, dilacerando tudo em volta, mas é só um coração partido, que, uma hora, vai se remendar.  O chão não vai se abrir, nem o céu desabar. O mundo tem bilhões de pessoas, e, com certeza, dentre elas, algumas pra amar.  Tem muitas lágrimas caindo e por cair, e, uma hora, vão secar. O sol vai surgir de novo. Tudo vai passar. 

Sobre a morte

Pra mim, a morte não se resume a uma experiência física, onde o corpo da pessoa para de funcionar. Não. Algumas pessoas simplesmente morrem na minha vida, e continuam a andar por aí. Outro dia me falaram que precisamos perdoar as pessoas. Já há algum tempo eu me livrei desse dogma cristão do perdão. Não. Eu não tenho obrigação de perdoar ninguém. Não sinto a menor necessidade de perdoar quem me machucou, quem me sacaneou, quem foi escroto comigo, ou quem ultrapassou os meus limites. A pessoa morre pra mim, e é isso. Claro que não é algo que acontece sem dor, na maior parte das vezes. Algumas vezes, dói muito. Outras, um pouco. Ou, dependendo das circunstâncias, não dói - simplesmente acontece.  Sempre me deixei sentir tudo ao máximo. Do melhor ao pior. Então, eu, obviamente, posso sofrer imensamente por uma morte, por um período. Depois, isso acaba, e é como se a pessoa tivesse existido em outra vida, muito distante. Não sinto saudades, não guardo carinho, rancor ou o que quer que seja

"Temos todo o tempo do mundo"

 Penso que uma das piores coisas da minha vida foram os diagnósticos de transtorno de personalidade borderline e fibromialgia. São condições extremamente cansativas e desgastantes, tanto pra mim quanto pra quem convive comigo. Muitas vezes, me sinto culpada por isso. Por "forçar" as pessoas ao meu redor a me "aguentarem" nos períodos de crises. E, a impressão que eu tenho, é que a mínima coisa desencadeia uma crise. Pode ser leve, ou pode ser mais forte. Nunca dá pra prever. Relacionado a esses diagnósticos(que vieram antes deles, pra falar a verdade), tenho depressão crônica, transtorno de ansiedade e insônia crônica. Já dizia a música "não é fácil viver assim".  Tenho lido um livro sobre o transtorno de personalidade borderline, e só tem confirmado meus pensamentos. Em uma parte, o livro diz "qualquer coisa/tudo é muito pra um borderline". Sempre soube que sou exagerada e extremamente sensível, mas, ter um diagnóstico e perceber o quanto isso t

Independência

Desde que me lembro, sou uma pessoa muito dependente emocionalmente, nos mais diversos relacionamentos - não só amorosos. Isso sempre me atrapalhou. No dia a dia, nos afazeres, na acomodação, em tudo. Depois de alguns acontecimentos, resolvi aprender a não depender emocionalmente de ninguém. E tem dado certo.  Antes, a menor coisa me entristecia, me chateava. Hoje, não mais. Estou me desfazendo de mágoas por grosseria, por incompreensão, por injustiça, por falta de reciprocidade. Simplesmente, estou aprendendo a viver. E tem sido maravilhoso.  Por outro lado, sempre tive o costume de cortar da minha vida quem me faz muito mal. Por um tempo, perdoei demais. Hoje, voltei ao normal. As pessoas voltaram a morrer pra mim, e isso tem sido ótimo. Vivo mais leve, mais tranquila. Menos suscetível a pressão, a julgamentos, a palavras tortas.