Vai demorar um pouco, mas vai passar. Deixar pra trás os planos e sonhos, o colo e o aconchego. O cheiro.
Tentar não se perguntar como que, depois de quase virar um, se divide de novo em dois. As partes que ficam um do outro, e as partes nossas que talvez também fiquem no outro. Como dissociar, como se desfazer e refazer, sem derrubar partes no abismo do sofrimento? Como separar um corpo e uma alma sem sangrar ou dilacerar?
Como dormir na cama vazia, e, no meio da noite, não ter a quem abraçar? Como acordar sem a voz, sem o abraço, sem o sorriso?
Como pensar em um futuro diferente, quando tudo parecia planejado e encaminhado, mesmo com os percalços que, de mãos dadas, seriam superados juntos?
Como?
São tantas perguntas sem respostas, tanta dor sem paliativo, tanto horizonte sem um norte.
As risadas, as brigas, as conversas, os silêncios… tudo ficando pra trás, numa tentativa desesperada de se segurar naquilo, pra perdurar mais uns minutos, uns dias?
O choro vem e vai. Às vezes, parece que secou, pra, logo em seguida, ser derramado inconsolavelmente de novo.
As horas passam devagar, o passar do tempo fica em suspenso. Não sei que dia, que horas, quando. Parece um pesadelo, e não consigo acordar.
Mas, vai passar.
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