Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2016

Violências e tapetes

Há algum tempo, venho refletindo e percebendo uma coisa um tanto perturbadora, mas muito real.  Todas as violências que sofri por ser mulher foram legitimadas por praticamente todos que conheço(independente do grau), quando não foi por todas.  Existem várias formas de legitimar uma violência - negação, vista grossa, justificativas, mascarar, banalizar e, até mesmo, naturalizar. Eu acredito que um misto de todas é algo bem familiar pra mim.  Nem sempre percebemos de cara uma agressão, uma violência. É tudo tão ignorado pela sociedade de uma forma geral, que falarmos sobre isso parece uma grande afronta, além de ser um assunto intocável e incômodo.  A sociedade é machista, patriarcal e odeia crianças. Crianças são tratadas como brinquedo/objeto por uma parcela grande da sociedade. Crianças não sentem, não pensam, não opinam, não entendem. Porém, quando convém, são a melhor arma pra atacar as mães. Afinal, um filho é obrigação da mãe - quando a figura do pai aparece, é como um

Um ano depois.

Semana passada o Facebook me lembrou de um texto que escrevi há um ano, e eu falava de algumas mudanças de opiniões, percepções, olhares. Hoje, um ano e alguns dias depois, percebo mais mudanças, e me sinto feliz e grata a tantas mudanças e aprendizados. Há mais ou menos 1 ano e 3 ou 2 meses resolvi sair de São Luis, minha cidade natal, pra recomeçar. Particularmente, gosto de recomeços.  Nesse período, conheci algumas pessoas, lugares, dores e realidades novas. A maior parte não foi fácil. Muito aprendizado. Muitas vezes, quando eu pensava ter dado um passo a frente, logo em seguida, parecia cair de novo. Tomei decisões, vivi consequências. Me distanciei de pessoas que já não me faziam bem, e fui afastada por pessoas que, em algum momento da vida, pensei que sempre estariam por perto.  Repensei praticamente tudo. Foi como tirar um filtro da visão. Incomodei muita gente. Joguei muita merda no ventilador repetidas vezes, como que num rito de desintoxicação. Percebi que, por mais que nos

Carta para minha futura nora (2)

Esses dias vi circulando no facebook uma  "carta para minha futura nora" , e eu, sendo mulher, alinhada politicamente ao feminismo radical, mãe, não pude deixar de problematizar... Pensei, pensei... por fim, resolvi escrever a minha própria versão de carta para minha(os) futura(os) nora(genros). Vem cá, vamos conversar. Esqueça tudo que você já ouviu falar sobre sogras. Eu não te vejo como concorrente, e tenho plena consciência de que o tipo de relacionamento que você e meu filho tem é completamente diferente do relacionamento que eu, como mãe, tenho com ele. Nós podemos ser amigas, e, pra te falar a verdade, ficarei muito feliz se formos. Não, você não precisa se preocupar em me agradar demais pra me conquistar nem nada disso. Veja, eu não vejo meu filho como uma extensão de mim. Sim, eu o amo muito, e tenho ensinado a ele tudo aquilo que acredito ser importante pra que ele possa caminhar com os próprios pés e fazer as próprias escolhas. Como mãe, meu maior desejo é que

Balanço 2015

2015 foi um ano pesadíssimo, pra mim, tanto no âmbito pessoal, quanto numa análise mais macro, e, juntando tudo, posso dizer que foi uma caminhada super difícil. Em grande parte dos momentos, e não sei dizer em porcentagem, se pra mais, se pra menos, pensei que não valia à pena. Foi, com certeza, um ano de muito aprendizado, e, portanto, de muito amadurecimento, crescimento, tomada de consciência. Senti o peso da socialização das mais variadas formas, e pude percebê-la também à minha volta. Percebi como o apego ao que não serve mais pode ser danoso, da pior forma possível. Vi que, nas voltas que o mundo dá, existe uma dinâmica na vida em que as pessoas se movimentam, e isso significa que nem sempre elas vão permanecer nas vidas umas das outras, por mais acostumadas que estejam. Forçar isso pode ser muito nocivo. A maior parte do tempo me vi completamente sozinha, e essa, com certeza, foi uma sensação desesperadora, absurdamente angustiante. E quando eu digo isso não é culpando ou c