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Um ano depois.

Semana passada o Facebook me lembrou de um texto que escrevi há um ano, e eu falava de algumas mudanças de opiniões, percepções, olhares. Hoje, um ano e alguns dias depois, percebo mais mudanças, e me sinto feliz e grata a tantas mudanças e aprendizados.
Há mais ou menos 1 ano e 3 ou 2 meses resolvi sair de São Luis, minha cidade natal, pra recomeçar. Particularmente, gosto de recomeços. 
Nesse período, conheci algumas pessoas, lugares, dores e realidades novas. A maior parte não foi fácil. Muito aprendizado. Muitas vezes, quando eu pensava ter dado um passo a frente, logo em seguida, parecia cair de novo. Tomei decisões, vivi consequências. Me distanciei de pessoas que já não me faziam bem, e fui afastada por pessoas que, em algum momento da vida, pensei que sempre estariam por perto. 
Repensei praticamente tudo. Foi como tirar um filtro da visão. Incomodei muita gente. Joguei muita merda no ventilador repetidas vezes, como que num rito de desintoxicação.
Percebi que, por mais que nos silenciem, e por mais que a gente pense se acostumar a isso, uma hora tudo precisa ser externalizado de alguma forma. Eu sinto esse tipo de efeito há anos, muitos anos. Esses tais sintomas psicossomáticos. Me acompanham desde a adolescência. Aprendi que não importa o tamanho do sentimento. Se um relacionamento - qualquer que seja - nos deixa doente, ele não vale à pena. Nós valemos a pena. E é preciso ter isso em mente. 
Enxerguei a triste realidade de que, por mais que a gente tente, algumas pessoas simplesmente não vão pensar além de si. Com isso, venho aprendendo a escolher as minhas lutas e ao lado de quem e por quem lutar. Percebi que, nesse caminho, sempre vão aparecer pessoas pra tentar deslegitimar aquilo pelo que lutamos, pelos mais diversos motivos. E, nessas horas, é bom saber quem tá do nosso lado, porque é um elo importante. 
Achei, até pouco tempo, que não me importava com o que os outros pensavam ou falavam. Mas, a verdade é que julgamentos, às vezes, machucam, sim. E como mulher e mãe sinto o peso disso constantemente. Quando os argumentos cessam, sempre vão apelar pro lado da maternidade, porque a socialização, meus caros, é pesada, e, ainda que a gente vá desconstruindo muitas coisas, filhos são um ponto fraco pra maioria de nós. O jogo é sujo e o golpe é baixo, mas ninguém disse que seria justo. Nunca foi, se não, seríamos tratadas como humanas desde o nascimento. 
Quebrei muitos tabus. Entendi que não, não tenho obrigação de perdoar a tudo e todos. Afinal, a vida mesmo não nos perdoa. Porém, é importante termos paz de espírito, num sentido de viver bem consigo. Assim, fui deixando muita bagagem desnecessária pra trás. 
Percebi que não preciso agradar a todos, também, e nem me esforçar mais do que o meu limite por um "bem estar social". Não. Se eu não tenho estômago pra uma situação, simplesmente não. Ponto. 
Morei nesses últimos 15 meses no mesmo estado que mais da metade que todos os meus parentes, tanto por parte de pai quanto por parte de mãe. Passei o natal e o ano novo nesse mesmo estado. Recebi um total de 0 ligações com o mesmo DDD de feliz natal. Não preciso nem dizer se alguém pensou se eu teria ou não companhia, certo? Bom, eu tive. Eu e meu namorado. Acho que se o que mantém um vínculo familiar é o tal sangue, pode mudar esse conceito aí no dicionário(o Houaiss mudou, ponto pra eles!). Engraçado é que na hora do aperto eu sempre ouvi o telefone do meu pai tocar. Interessante, no mínimo. O que fa$ o mundo girar?
Nunca me interessei tanto por política quanto nos últimos tempos. Gostava antes. Hoje em dia, me preocupo. 
Dei sorte de vir parar numa cidade que nem parece de verdade, de tão distante de uma realidade que algum dia imaginei ver dentro do Brasil. Serviço público de qualidade, escolas municipais de referência, saúde pública boa, remédios custeados pelo governo, segura, organizada. Claro, como "nem tudo são flores", tem sim o lado bizarro. Dentro desse mesmo município fica metade de um tal Alphaville(a outra metade fica em outro município), e é como se existisse um muro invisível separando os dois lados do município. De tal forma que quem mora no Alphaville não fala que mora no município A ou B, mas no Alphaville. Os serviços oferecidos lá não podem ser compartilhados com o outro lado. Se existe algo com delivery no Alphaville, não importa se o percurso de entrega seria 7 minutos. Simplesmente não existe essa possibilidade. 
Desde que me mudei, acompanhei uma onda de manifestações pró e contra o impeachment. De início, não tinha me posicionado a respeito, e nem achava que ia dar em alguma coisa. Quem diria que um movimento com bonecos infláveis, dança coreografada e trio elétrico resultaria num golpe na democracia. Morei num bairro classe média alta, numa república, e a cada pronunciamento da Presidenta, ouvia barulho de panela. Aquilo sempre me soou ridículo e vergonhoso. Depois, me mudei. Fui lendo, vendo os pronunciamentos dela, estudando, refletindo, conhecendo outras realidades.  Ao mesmo tempo, vendo as manifestações. Me posicionei. Contra. 
Esse ano cheguei a ver bem mais de perto, e coisas que achei mais ridículas ainda. Barracas de camping na Av. Paulista. Pato inflável gigante. Nem vou continuar... 
Em paralelo, fui acompanhando o posicionamento das pessoas que conheço. Os argumentos, as defesas. Tem sido assustador. Pra mim, que acreditava em tantos contos, como meritocracia, por exemplo, ver a incapacidade de empatia de uma classe dominante é muito, muito assustador. Principalmente quando é perceptível que, muitas das vezes, muito se resume ao medo da perda de privilégios. E quando eu falo de "perda de privilégios", não tô falando de deixar de ter, mas de ver alguém que tinha menos ter igual. Isso é muito, MUITO assustador. 
É curioso ver tanto grito "contra a corrupção" e, em paralelo, tanto textão falando que a corrupção começa quando não devolvemos o troco errado na padaria, e, no meio disso tudo, um pedido de socorro pra um político atolado até o último fio de cabelo em processos de corrupção, simplesmente porque não curtem o partido da pessoa que, hoje, ocupa o cargo da Presidência e aí resolveram que essa pessoa, exclusivamente, é o motivo e a causa de todos os males do país. Seria cômico se não fosse trágico ver uma análise tão simplista sendo feita por pessoas que poderiam e deveriam muito mais. 
Continuo admirando a honestidade e sinceridade das pessoas, mesmo quando for pra transparecer a podridão. O que eu não gosto é de gente sonsa, dissimulada. Outro dia, no trem, sentou uma senhora ao meu lado junto com um senhor que parecia ser um velho conhecido seu. Eles aparentavam ter entre 45-55 anos. A moça falou sobre como não via a hora "daquela vaca" cair logo. Tentei ignorar e jogar. Pouco depois, ela começou a reclamar da viagem, que era muito desconfortável (ela tava sentada, num trem com ar condicionado, em uma viagem que duraria menos de 1h). E aí falou como odiava transporte público. Há mais de 10 anos não pegava trem, tinha horror àquilo. Não suportava estar entre "aquela gente", e apontou pra umas pessoas sentadas a mais ou menos uns 3m. Segundo ela, "pobre é um horror, fede, é escandaloso". Aquilo, definitivamente, não era lugar pra ela. Queria muito mudar de lugar, mas não tinha outro lugar vazio. Ouvi essa ladainha até chegar na Barra funda. Olha, já ouvi esse tipo de conversa antes. Fico chocada, sempre. Mas, ainda assim, prefiro ouvir isso do que a falsa preocupação com o social. Aquela desculpa esfarrapada de que não aguenta mais a "situação atual" porque "olha o desemprego", mas isso vindo de quem explora uma outra pessoa pelo subemprego. Quando ouço isso, só consigo pensar naquela dança de quadrilha da festa junina, porque preocupação genuína mesmo é que não. 
Tenho achado curioso notar o que causa incômodo e comoção, em geral. É nítido que algumas vidas valem mais que outras, não só pra mídia, mas pra muitas pessoas. A gente tenta pensar que não. Então, começamos a tentar disseminar notícias diferentes, porque, de repente, seja só falta de informação mesmo. Só que não. E sempre existe justificativa. Nos casos em que envolve dinheiro$, se as pessoas envolvidas já forem ricas ou classe média, é ok, não tem problema ter um ou dez desvios, de 1 milhão ou 200 bilhões, afinal, a pessoa "não precisava". O problema existe é se for pobre. Pra mim, isso ficou muito claro quando, em uma das manifestações pró-impeachment, os manifestantes receberam almoço gourmet gratuito custeado com dinheiro público, mas ficou tudo bem, e, em seguida, na manifestação contra o impeachment, os manifestantes que vinham de longe receberam ajuda de custo de "trintão", o que já foi apontado como "compra" de militância. Percebe, Ivair, a incoerência do cavalo? 
Não faz tanto tempo eu era crítica ferrenha do bolsa família. Parece que foi outra vida. De fato, foi. Hoje percebo o quanto foi bom eu ter tido a oportunidade de aprender e conhecer pessoas dispostas a me ensinar. Sabem, todas as pessoas que eu conheço que são contra o bolsa família sequer conseguiriam fazer a compra da semana de supermercado com 90 pila. Realmente não sei o que pensar. Me entristece, de verdade. 
Nesse tempo também vi algumas meninas se afastando da militância virtual. Teve momentos em que eu achei pesado também. Quando o clima pesa, a gente vê um isolamento, exposição, o que for, dói, cansa, dá medo. A gente sente que tem que pisar em ovos, e que tem sempre que escolher um lado. Isso, pra quem é neuroatípica (ou seja, a maioria das minas que conheço) é uma bomba tóxica. Porém, também vi moças sendo ajudadas e tive a oportunidade de ajudar várias outras, e isso faz a gente continuar. A verdade é que depois do feminismo a gente sempre tem uma mão estendida em algum lugar, mas também precisamos ter responsabilidade. 
Desde que fui embora de São Luis me afastei de vários circulos sociais de lá, e isso foi muito bom. Poucas vezes entrei no grupo de pais e mães, e me deparei com aquela realidade que eu sempre quis deixar pra trás. Uma realidade conservadora, machista, elitista. Aquela realidade velha conhecida de uma maioria que não quer e não gosta de refletir, e prefere fazer vista grossa praquilo que não lhe aperta no próprio calo. Vez ou outra surgia na minha timeline um post sobre assalto, homicídio, algum sinal da violência da ilha. Aquela violência que já há alguns anos vinha me assombrando. Algumas vezes, fui a estraga prazeres no grupo de família que chegou com textão, exigindo resposta e diálogo, pra receber aquele velho e familiar silêncio de volta. Já há muitos meses saí do grupo de família maior por não aguentar mais lidar com tanta hipocrisia e inversão de valores, travestidos de pregação de domingo. 
Enfim. Toda uma realidade deixada pra trás. 
Percebo mudanças imensas na minha forma de enxergar praticamente tudo. E, honestamente, foi como tirar uma venda dos olhos. Seria hipócrita da minha parte dizer que não é difícil reconhecer meus privilégios, que não é difícil pensar em rever atitudes e comportamentos já naturalizados e quase automáticos, frutos de toda uma vida cheia de mordomias, privilégios e mimos, proporcionados pelo suor do trabalho do meu pai, que desde muito novo precisou aprender a trabalhar pro próprio sustento. 
O curioso é perceber o quanto isso incomoda aos velhos conhecidos. Porque, assim, muito se fala na famigerada "liberdade de expressão", pouco se respeita e muito se deturpa o seu sentido. Vejo demais ela ser lembrada pra defender discurso de ódio, e, paralelamente, ser esquecida quando a voz é de um grupo oprimido. Chega a ser repetitivo notar a recusa em admitir e assumir os privilégios e a insistência em querer tomar locais de fala que nitidamente não se lhe pertencem, vendo pessoas que nunca poderiam ou poderão saber sobre determinadas opressões quererem definí-las, caracterizá-las e apontar sua legitimidade ou, quase sempre, "deslegitimidade". Acho péssima a frase "o sonho de todo oprimido é se tornar opressor", porém, vejo sim muitas pessoas que se utilizam de um (falso) discurso de "ex oprimido" pra justificar uma postura de opressão e cegueira social. Honestamente, por um tempo, tudo isso me incomodava demasiadamente, me machucava, até. Como poderiam pessoas queridas, às vezes próximas, terem posicionamentos e posturas às vezes tão egoístas, tão mesquinhas?! Discuti, debati, tentei demais mostrar tudo aquilo que antes eu não enxergava e, então, vinha ficando visível pra mim. Até perceber que nada disso adianta. Antes, é preciso vontade. O primeiro passo tem que ser espontâneo. E mais. Muitas vezes, as pessoas me confrontam apenas porque sim. É triste perceber que tanta gente quer discutir por discutir, só pelo desgaste emocional(o nosso), ou pra tentar te fazer escorregar em alguma fala, te pegar em algum deslize, como se o seu deslize pessoal deslegitimasse toda uma questão social que é bem maior do que apenas eu e o universo pequeno a que estamos acostumados a nos fechar. Levou tempo, mas, hoje, são poucas as pessoas que eu ainda perco tempo respondendo, mesmo sabendo que elas não querem debater - porque nem elas estão querendo rever algum posicionamento ou entender o meu, tampouco eu me interesso pelos motivos delas. Aprendi a ignorar muita provocação, e aprendi a descartar muita gente. Algumas pessoas são o que são, e simplesmente são irrelevantes politicamente. 
Existe uma característica peculiar entre as pessoas que se recusam não só a abrir mão dos seus privilégios, mas de sequer reconhecê-los, aliás, várias. Não são apenas arrogantes, prepotentes, elitistas, com pouco ou nenhum conhecimento de história ou política(às vezes), machistas, misóginas. Mas tem algo que TODOS fazem, invariavelmente: além de SEMPRE se utilizarem de xingamentos de cunho sexual pra se referirem a mulheres, em algum momento, pessoalizam a discussão, ou desejando ou levantando hipóteses de algo acontecer com o outro, com algum familiar do outro, e assim por diante. Sempre. O objetivo deles é sempre buscar uma brecha naquilo que acreditamos ou pelo que lutamos, apontar falhas, deslegitimar, geralmente sob um péssimo disfarce de quem quer um debate produtivo. Nunca é. Esses, queridos, são aqueles que a gente já conhece de longe pela fragilidade da masculinidade, sempre se reafirmando em todos os circulos sociais. Merecem a egipcia, nada além. 
"O que não mata, fortalece". Com certeza esse tem sido meu principal aprendizado dos últimos tempos. Pessoal e político tem se misturado de uma forma boa, embora pesada. Sempre me achei forte e muito segura. Nunca houve momento na vida em que eu tenha pensado "não sei se dou conta". Pra alguns, isso pode ter soado como arrogância. Pra mim, foi auto-defesa. Entretanto, houveram momentos nos últimos meses em que eu me vi completamente perdida, fraca como nunca antes, e totalmente insegura, sem confiar em mim mesma. Traumas de toda a vida vieram à tona, doses homeopáticas de veneno que foram me trazendo os mais diversos sintomas psicossomáticos, a convivência com traumas semelhantes e até piores dentro da militância feminista, novos traumas... Tudo isso me deixou praticamente inabilitada pra qualquer coisa, praticamente incapaz de reagir. Pensei e quis desistir não sei quantas vezes. O mundo não para porque a gente tá destruída ou no fundo do poço, e a gente não pode esperar solidariedade de ninguém. Aliás, é bom que não esperemos, porque as pessoas não vão ter. Isso foi uma das primeiras coisas que eu percebi, e, por mais auto-suficiente que eu sempre tenha me julgado, eu não esperava por isso, de verdade. Não foi um banho de água fria. Foi um choque térmico, e doeu na alma, repetidas vezes, porque foram várias portas batidas na minha cara. Por meses eu tive a sensação de apanhar e apanhar e apanhar, sem exagero. E a verdade é que não é questão de perdoar, mas de perceber com quem a gente pode ou não contar quando mais precisamos. E o que muitas vezes me deu e me dá forças é saber que, quando tudo passar, eu vou estar mais forte que antes. 
Me dei o direito de não tomar mais veneno, independente de a quem isso fosse desagradar. Por isso, se uma coisa me faz mal, eu reajo, ainda que isso vá contra toda a minha socialização. Se eu vejo alguém que amo sob algum risco, eu reajo pra proteger. E não permito, ou, pelo menos, tento não permitir, que me silenciem mais. 

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