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Sobre amores

Tenho me impressionado deveras com as reviravoltas da vida. Nunca entendi de amor romântico, porque sempre tive necessidade de racionalizá-lo. Por outro lado, acredito que tive um ótimo exemplo de uma companheira pra vida dentro de casa - a minha mãe. Então, mesmo não sendo lá das pessoas mais vividas desse tal louco amor, sei que sou das que chega no limite dos limites pelos relacionamentos aos quais já me comprometi.
Me disseram que amor não se entende, se vive. Acho que deve ser isso mesmo. Não tem regra nem fórmula, né?
Eu, apaixonada que sou, sou de me jogar de cabeça, e, modéstia à parte, sou uma ótima namorada. Me esforço sempre até o último segundo, literalmente. Por isso que, quando canso, canso de verdade. E, sou tão legal, que vou avisando. O problema é que os homens as pessoas(no meu caso) inventaram (e acreditaram) nesse mito de que as mulheres falam por falar, e tem mania de dar valor quando perdem. Nas comédias românticas pode até funcionar. Não comigo. E nem é por orgulho não. É que eu realmente vou até o meu limite.
Tenho visto muito relacionamentos volúveis por aí. Essa era do tinder é foda. É tudo tão descartável. As pessoas estão cada vez mais banalizadas, os relacionamentos em si menos importantes, e parece que a nossa geração tem um monte de covardes com medo de se entregar de verdade. Você se dá por inteiro, e recebe metade, à lá Paulinho Moska, e isso nunca vai funcionar. Quem mergulha quer viver uma coisa massa, quer uma companha pra vida, não quer essa coisa rasa, distante, segundo plano.
Eu, que sempre fui meio avessa ao amor romântico, traumas à parte, me vejo cada vez mais. Acho que as pessoas têm perdido a capacidade de amar, de se entregar, e reconhecer uma potencial história de amor, que poderia render bons frutos. Me parece que o amor romântico, aquele de vida inteira, em que se constrói uma história de verdade, com lutas e lembranças, de mãos dadas, vão ficar cada vez mais pros romances a la Jane Austen e cia, e essa vai ser, cada vez mais, a nossa forma de não nos deixar empedrar nosso coração.
Vejo uma covardia imensa, em homens e mulheres. Ninguém sabe direito o que quer. Uma hora aparece alguém legal e tá tudo bem. De repente, aparece outra pessoa legal, e... opa! Jaz. Ou, começa tudo parecendo se encaixar perfeitamente, e parece que as pessoas se encontraram finalmente, tamanha foi a química. Mas, logo, tudo passa. As coisas acontecem, hoje, numa velocidade louca.
Penso que, algumas pessoas, simplesmente não nasceram pra esse tal de amor. Individualismo demais não combina com amor romântico, na visão de construir uma vida juntos - minha opinião. Mas essa sou eu, ariana, que tenho a necessidade de saber que sou prioridade na vida de quem quer que eu esteja dividindo a vida, porque sei que dou duro no amor. Já conheci algumas (poucas) pessoas maravilhosas e especiais, mas que escolhemos caminhos diferentes porque sabíamos que elas não poderiam me dar aquilo que eu precisaria. Relacionamentos são complicados, porque envolvem muito mais do que amor, paixão, tesão. Tem que ter química, conversa, afinidade, cumplicidade, companheirismo. Quando tem a maior parte dessas coisas, é uma maravilha. Às vezes, penso que eu seria feliz se soubesse viver o poliamor.
Tinha muitos nós na minha cabeça em relação ao poliamor - confesso. Hoje assisti um documentário sobre, e abriu um pouco a minha mente. Faz um pouco de sentido. Algumas pessoas se apaixonam por mais de uma pessoa, e, se a outra fica de boa com isso, e ninguém sofre, ok. Ninguém "perde" ninguém. Eu só ainda não consigo entender isso a longo prazo. Tipo, e quando forem ter filhos? Acho q cada casal escolhe um jeito, né? Moderno, super moderno! Porém, amar sem sofrer deve ser uma coisa ótima.

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