Pular para o conteúdo principal

qualquer coisa que se sinta

Já estive aqui antes.
É difícil descrever, quando parece que todos os sentidos estão dormentes, mas em funcionamento. Existem cores, mas todas dão a mesma sensação que o cinza comum. Não tem qualquer cheiro ou sabor que seja mais atraente. Não existe desejo, alegria ou tristeza.
É como a sensação da peridural, só que na alma.
Da primeira vez, foi assustador. Dessa vez, já é um pouco familiar, e eu já sabia que estava pra acontecer. Começa com as crises de ansiedade, o desespero, o sufocamento. Depois, é como morrer um pouco, por um tempo, talvez.
Sim, a vida não é fácil. Nunca foi. Não, a falta de empatia e compreensão não ajudam.
Viver sem existir, um castigo sem culpa. Anulação.
Anulação da voz, do ser, do fazer.
Meritocracia é lixo. Social, pessoal.
E vergonha.
Um dia houve força. E vontade. E empenho.
Uns nascem primeiro. Outros viram sombra.
O problema é que o sol se põe.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Esse tal coração calejado

Pra expressar a dor, é preciso vomitá-la. Chegar ao fundo dela, rastejar. Passar pelo processo da negação, da dormência. Depois, sofrer. Sentir o nó na garganta, a dor no peito, que passa pro corpo, e vem a febre, os soluços. Aí sim. Só tem um coração calejado quem já sofreu demais. Várias vezes, ou intensamente. E talvez não exista expressão melhor pra definir do que essa.  Um coração calejado não sente com tanta facilidade. Ele é duro, aguenta porrada - é calejado. Claro, tem sempre algum machucado novo que pode foder com ele. Aí, é aquele processo de novo.  Sempre me neguei a generalizar as pessoas, a desacreditar do amor, a me amargurar. Sou otimista por natureza. Porém, com o tempo, acho que a gente fica mais cautelosa. Ou mais desiludida mesmo.  É um exercício diário o de me lembrar, constantemente que, existem sim pessoas boas, honestas, sinceras, legais, e que valem a pena.  Só estão comprometidas.   E, claro, existem uns machucados piores que os outros. Normalmente,

Carta para minha futura nora (2)

Esses dias vi circulando no facebook uma  "carta para minha futura nora" , e eu, sendo mulher, alinhada politicamente ao feminismo radical, mãe, não pude deixar de problematizar... Pensei, pensei... por fim, resolvi escrever a minha própria versão de carta para minha(os) futura(os) nora(genros). Vem cá, vamos conversar. Esqueça tudo que você já ouviu falar sobre sogras. Eu não te vejo como concorrente, e tenho plena consciência de que o tipo de relacionamento que você e meu filho tem é completamente diferente do relacionamento que eu, como mãe, tenho com ele. Nós podemos ser amigas, e, pra te falar a verdade, ficarei muito feliz se formos. Não, você não precisa se preocupar em me agradar demais pra me conquistar nem nada disso. Veja, eu não vejo meu filho como uma extensão de mim. Sim, eu o amo muito, e tenho ensinado a ele tudo aquilo que acredito ser importante pra que ele possa caminhar com os próprios pés e fazer as próprias escolhas. Como mãe, meu maior desejo é que

“Sempre em frente, não temos tempo a perder”

 Pensar no que já foi não vai te ajudar em nada. É preciso esquecer, por um tempo, um pouco do que se viveu, pra deixar partir. O luto vem, querendo ou não. Dói. Mas sempre tem um amanhã, com novas promessas de novas memórias, como se todos os dias fossem como um ano.  É preciso deixar morrer. É preciso se conter, pra não ter por insistência o que já não era pra ser. É preciso força, coragem, resiliência. É preciso entender que sonhos e promessas só são verdadeiros no momento em que são idealizados, e as coisas mudam antes de um piscar de olhos. E, não, não há nada que se possa fazer pra impedir.  É preciso aceitar morrer. Aceitar não ser(mais). Aceitar perder e ser perdida.  É preciso acreditar que, eventualmente, as lágrimas secam e o sol nasce outra vez, com novas cores, sabores, amores.