Hoje li um texto sobre o Lado B da maternidade, e fiquei pensando...
Sim, é maravilhoso. Sim, eu sempre sonhei em ser mãe, desde que me lembro, e isso ultrapassava qualquer sonho de véu e grinalda. Eu simplesmente sempre tive um instinto maternal muito forte. Não sei se até que ponto a construção social me influenciou nisso, e até que ponto isso foi inato, só sei que sempre sonhei em ser mãe.
Qualquer pessoa que tenha me conhecido com meus filhos bebês pode comprovar isso: era nítido que aquilo era um sonho realizado.
Na última faculdade que cursei (e larguei), ouvia as pessoas dizerem que minha família parecia uma família de "propaganda de margarina". E eu nunca soube dizer o quanto aquilo era problemático, até me separar. Fato é que não existem famílias de propaganda de margarina. Não existem sequer momentos de famílias de propagandas de margarina, por mais deliciosa que seja a maternidade.
Falo com toda a sinceridade que, pra mim, a experiência de amamentar foi tão gostosa, que, por vezes, eu sentia prazer em acordar de madrugada. Em outras, eu quase dormia enquanto amamentava. Porém, pra muitas mulheres - e eu me incluo nisso - o início da amamentação exige muita força de vontade, porque é sofrido, é penoso. Meu primeiro filho passou duas semanas mamando de meia em meia hora por 24 horas, e eu estava, literalmente desesperada. Eu CHORAVA porque queria dormir, comer, tomar banho, ir ao banheiro, mas não conseguia. Foi angustiante. Fiquei machucada, meu leite quase não dava conta. Porém, eu queria MUITO que ele ficasse só no peito até os 6 meses, por isso persisti. Eu vou romantizar e dizer que adorei esse período? Jamais. Quem esteve mais comigo nesse período foi meu ex marido, meus pais e minha sogra. E eu tenho certeza que eu deveria estar insuportável. Então, sim, existem momentos que são péssimos.
Meus dois filhos tiveram icterícia, e meus primeiro precisou, inclusive, ficar internado. Quando saiu da internação, passou quase um mês tendo que tomar banho de sol diariamente, de manhã e no final da tarde. Nesse período, além do meu ex marido, as únicas pessoas que me fizeram companhia foram minha mãe, minha irmã e uma grande amiga. Nenhuma outra amiga me fez companhia. Então, sim, é um momento de extrema solidão. Não, não é vitimismo. Essa mesma amiga já tinha tido uma filha um pouco mais jovem que eu, então, ambas sabemos como esse momento pode ser solitário.
Aprendi com minha mãe a ser uma mãe muito presente, e tive a sorte de poder ficar com meus filhos em período integral. Antes que meu filho mais velho nascesse, conversei bastante com meu ex marido sobre a educação dele e coisas do tipo, e sempre concordamos sobre os limites que acreditávamos serem os ideais. Assim, desde muito pequenos, sempre rolou muito diálogo com ambos, e os dois costumam aceitar um "não" tranquilamente e dificilmente tenho problemas com birra. Isso quer dizer que meus filhos são perfeitos? Nunca! Tem momentos que são extremamente difíceis, e que eu quero sair correndo e trancar a porta, por mais que o costume na nossa família seja nos entendermos através de conversas.
Sim, meus filhos são muitíssimo carinhosos, e são muito companheiros. Posso ir tranquilamente com os dois pra qualquer lugar, que, se não for um horário que o meu filho mais novo vá ficar com sono no carro (porque ele adora dormir no carro!), dá pra ir tranquilamente que eles não me dão trabalho. Mas, além de mãe, eu sou mulher. Depois que eu separei, percebi que ter uma vida social além dos filhos, não só é necessário, como é saudável. E, sim, é uma via de mão dupla. Por um lado, pode ser que as amizades tenham um certo receio de atrapalhar a vida familiar, a rotina. Por outro, a gente se fecha um pouco no núcleo familiar depois que casa, tem filhos. E isso é super problemático, porque, não, casamento, filhos, não suprem todas as nossas necessidades - pelo contrário, é muito necessário ter um tempo fora disso, independente do quão bem vai ou não o casamento, nas aparências ou não.
Lembro quando eu tive meu primeiro filho, e eu mergulhei de cabeça na maternagem. Foi uma fusão, na verdade. Eu vivia com meu filho no sling. Não fazia nada sem ele. Demorei mais de um ano pra sair de casa sem ele, e, na primeira vez que fui ao cinema sem ele, chorei muito - lembro até hoje. A mesma coisa quando tive que parar de amamentá-lo porque tava grávida do meu segundo filho. Eu chorei por duas semanas, e ele, no dia seguinte, dormiu como um anjo. Quando me falavam que eu me anulava por causa dele, ficava super ofendida. Pra mim, soava como um absurdo, uma ofensa. Assim como eu ficava super ofendida quando alguém falava "nossa, filho dá trabalho, né?", eu respondia "dá, mas é um trabalho maravilhoso!", como se a pessoa tivesse falando mal do meu filho. Olha que loucura. Sim! Filho dá trabalho. E, não, nem sempre é um trabalho bom. É irônico isso. O mundo dá muitas voltas. Ainda bem. Hoje eu realmente reconheço que eu me anulei. Eu existia só pra ele, e só me via nele. Eu era feliz? Era, claro! Adorava acordar e passar a manhã inteira na cama com ele.
Hoje meus filhos tem 5 e quase 7 anos, e eu reconheço que ainda tenho muito que aprender com eles e com a maternidade. Não me arrependo da forma como fui com eles, nem um pouco. Acho que curti o máximo que pude da fase de bebê deles, e foi maravilhoso. Mas, sim, tiveram momentos ruins sim. Como tudo na vida. Quando a gente tá se dedicando dessa forma, a gente não tá se cuidando. Eu passei quase 5 anos com o mesmo peso da gravidez, ou seja, 20kgs acima do meu peso. Eu andava com calças de gestante, porque eram mais confortáveis. Minhas blusas tavam sempre golfadas. Eu tinha q trocar as fraldas dos meninos o tempo inteiro enquanto eles tavam só mamando, e fralda é cara pra cacete. Até o bebê fazer uns 2 anos, a gente não tem paz, porque ele não para de mexer em tudo. E se você escolher ser mãe/pai mais natureba que nem eu e meu ex marido, você vai penar em dobro, porque é você contra o mundo: todo mundo vai querer entupir o seu filho de açúcar, e ainda vão falar como se você fosse o bicho papão porque não deixa seu filho de 1/2 anos chupar pirulito. OI?!
Minhas preocupações agora são outras. Continuo na contra-mão. Hoje, não quero dar uma educação sexista pros meus filhos, enquanto o mundo inteiro é assim. Então, tento ensiná-los que não existe "cor de menino" e "cor de menina", ou "brincadeira de menino" e "brincadeira de menina". Ou, por exemplo, que "coisa de menina" não é uma coisa ruim. Mas isso tudo é muito difícil, porque a gente vive em uma sociedade machista e, vira e mexe, eles vêm com uma história estranha e eu tenho que sentar e conversar, explicar, conversar, perguntar, "entendeu?"...
É. Não é facil. Mas vale a pena sim.
Sim, é maravilhoso. Sim, eu sempre sonhei em ser mãe, desde que me lembro, e isso ultrapassava qualquer sonho de véu e grinalda. Eu simplesmente sempre tive um instinto maternal muito forte. Não sei se até que ponto a construção social me influenciou nisso, e até que ponto isso foi inato, só sei que sempre sonhei em ser mãe.
Qualquer pessoa que tenha me conhecido com meus filhos bebês pode comprovar isso: era nítido que aquilo era um sonho realizado.
Na última faculdade que cursei (e larguei), ouvia as pessoas dizerem que minha família parecia uma família de "propaganda de margarina". E eu nunca soube dizer o quanto aquilo era problemático, até me separar. Fato é que não existem famílias de propaganda de margarina. Não existem sequer momentos de famílias de propagandas de margarina, por mais deliciosa que seja a maternidade.
Falo com toda a sinceridade que, pra mim, a experiência de amamentar foi tão gostosa, que, por vezes, eu sentia prazer em acordar de madrugada. Em outras, eu quase dormia enquanto amamentava. Porém, pra muitas mulheres - e eu me incluo nisso - o início da amamentação exige muita força de vontade, porque é sofrido, é penoso. Meu primeiro filho passou duas semanas mamando de meia em meia hora por 24 horas, e eu estava, literalmente desesperada. Eu CHORAVA porque queria dormir, comer, tomar banho, ir ao banheiro, mas não conseguia. Foi angustiante. Fiquei machucada, meu leite quase não dava conta. Porém, eu queria MUITO que ele ficasse só no peito até os 6 meses, por isso persisti. Eu vou romantizar e dizer que adorei esse período? Jamais. Quem esteve mais comigo nesse período foi meu ex marido, meus pais e minha sogra. E eu tenho certeza que eu deveria estar insuportável. Então, sim, existem momentos que são péssimos.
Meus dois filhos tiveram icterícia, e meus primeiro precisou, inclusive, ficar internado. Quando saiu da internação, passou quase um mês tendo que tomar banho de sol diariamente, de manhã e no final da tarde. Nesse período, além do meu ex marido, as únicas pessoas que me fizeram companhia foram minha mãe, minha irmã e uma grande amiga. Nenhuma outra amiga me fez companhia. Então, sim, é um momento de extrema solidão. Não, não é vitimismo. Essa mesma amiga já tinha tido uma filha um pouco mais jovem que eu, então, ambas sabemos como esse momento pode ser solitário.
Aprendi com minha mãe a ser uma mãe muito presente, e tive a sorte de poder ficar com meus filhos em período integral. Antes que meu filho mais velho nascesse, conversei bastante com meu ex marido sobre a educação dele e coisas do tipo, e sempre concordamos sobre os limites que acreditávamos serem os ideais. Assim, desde muito pequenos, sempre rolou muito diálogo com ambos, e os dois costumam aceitar um "não" tranquilamente e dificilmente tenho problemas com birra. Isso quer dizer que meus filhos são perfeitos? Nunca! Tem momentos que são extremamente difíceis, e que eu quero sair correndo e trancar a porta, por mais que o costume na nossa família seja nos entendermos através de conversas.
Sim, meus filhos são muitíssimo carinhosos, e são muito companheiros. Posso ir tranquilamente com os dois pra qualquer lugar, que, se não for um horário que o meu filho mais novo vá ficar com sono no carro (porque ele adora dormir no carro!), dá pra ir tranquilamente que eles não me dão trabalho. Mas, além de mãe, eu sou mulher. Depois que eu separei, percebi que ter uma vida social além dos filhos, não só é necessário, como é saudável. E, sim, é uma via de mão dupla. Por um lado, pode ser que as amizades tenham um certo receio de atrapalhar a vida familiar, a rotina. Por outro, a gente se fecha um pouco no núcleo familiar depois que casa, tem filhos. E isso é super problemático, porque, não, casamento, filhos, não suprem todas as nossas necessidades - pelo contrário, é muito necessário ter um tempo fora disso, independente do quão bem vai ou não o casamento, nas aparências ou não.
Lembro quando eu tive meu primeiro filho, e eu mergulhei de cabeça na maternagem. Foi uma fusão, na verdade. Eu vivia com meu filho no sling. Não fazia nada sem ele. Demorei mais de um ano pra sair de casa sem ele, e, na primeira vez que fui ao cinema sem ele, chorei muito - lembro até hoje. A mesma coisa quando tive que parar de amamentá-lo porque tava grávida do meu segundo filho. Eu chorei por duas semanas, e ele, no dia seguinte, dormiu como um anjo. Quando me falavam que eu me anulava por causa dele, ficava super ofendida. Pra mim, soava como um absurdo, uma ofensa. Assim como eu ficava super ofendida quando alguém falava "nossa, filho dá trabalho, né?", eu respondia "dá, mas é um trabalho maravilhoso!", como se a pessoa tivesse falando mal do meu filho. Olha que loucura. Sim! Filho dá trabalho. E, não, nem sempre é um trabalho bom. É irônico isso. O mundo dá muitas voltas. Ainda bem. Hoje eu realmente reconheço que eu me anulei. Eu existia só pra ele, e só me via nele. Eu era feliz? Era, claro! Adorava acordar e passar a manhã inteira na cama com ele.
Hoje meus filhos tem 5 e quase 7 anos, e eu reconheço que ainda tenho muito que aprender com eles e com a maternidade. Não me arrependo da forma como fui com eles, nem um pouco. Acho que curti o máximo que pude da fase de bebê deles, e foi maravilhoso. Mas, sim, tiveram momentos ruins sim. Como tudo na vida. Quando a gente tá se dedicando dessa forma, a gente não tá se cuidando. Eu passei quase 5 anos com o mesmo peso da gravidez, ou seja, 20kgs acima do meu peso. Eu andava com calças de gestante, porque eram mais confortáveis. Minhas blusas tavam sempre golfadas. Eu tinha q trocar as fraldas dos meninos o tempo inteiro enquanto eles tavam só mamando, e fralda é cara pra cacete. Até o bebê fazer uns 2 anos, a gente não tem paz, porque ele não para de mexer em tudo. E se você escolher ser mãe/pai mais natureba que nem eu e meu ex marido, você vai penar em dobro, porque é você contra o mundo: todo mundo vai querer entupir o seu filho de açúcar, e ainda vão falar como se você fosse o bicho papão porque não deixa seu filho de 1/2 anos chupar pirulito. OI?!
Minhas preocupações agora são outras. Continuo na contra-mão. Hoje, não quero dar uma educação sexista pros meus filhos, enquanto o mundo inteiro é assim. Então, tento ensiná-los que não existe "cor de menino" e "cor de menina", ou "brincadeira de menino" e "brincadeira de menina". Ou, por exemplo, que "coisa de menina" não é uma coisa ruim. Mas isso tudo é muito difícil, porque a gente vive em uma sociedade machista e, vira e mexe, eles vêm com uma história estranha e eu tenho que sentar e conversar, explicar, conversar, perguntar, "entendeu?"...
É. Não é facil. Mas vale a pena sim.
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