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A dor.

Vai ser difícil olhar pro lado e não te ver, dormir ou acordar sem pensar em você. Vai ser estranho pensar nos invernos sem dividir o cobertor, ou em algumas músicas que você me roubou, e as minhas manias que só você via. Não sei como vai ser comer milho sem lembrar de você, ou me livrar da saudade das agonias, e pensar no jardim e na horta que a gente teria.
Tô tentando voltar do futuro que a gente ia ter, tô me buscando de volta dos sonhos que eu tinha com você, e me resgatando de todos aqueles planos que fiz pra gente.
As noites podem ficar um pouco vazias sem o teu peito, e, às vezes, parece que o chão fica um pouco instável sem o teu colo. O mundo ainda pode soar absurdo sem teus abraços, e tem uma dor funda que vai insistir um pouco, e ela rasga e grita como um diabo.
Mas, talvez, a desavisada fui eu, que não vi que amor que pede afeto, só pode ser desamor, e o dia que te pedi pra que não transformasse nosso amor em uma música de dor, foi o princípio do fim, como disse outra canção.
Os dias, provavelmente, vão se arrastar, e, por um tempo, não vai ser fácil pensar. Por semanas, as lembranças vão estar em todos os lugares do corpo, e o inferno vai ser na terra. A dor ainda vai piorar,
é dor que dilacera e corta a alma. As lágrimas vão continuar sem parar, incessantes, sem previsão. Tudo isso vai acabar e vai secar, até não ser mais, e fim.

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