Tem histórias na vida que parecem não merecer ter fim, ponto final... Sempre uma vírgula, ponto continuando. Ou a gente quer merecer sempre poder voltar praquela história, reviver, como se uma parte da nossa vida tivesse ficado ali, numa espécie de "pause". Claro, ignorando todas as dores e dissabores.
É como se a gente criasse um mundo paralelo, inventando uma felicidade de fumaça, e, sempre que a gente apertar o pause, abracadabra.
O problema disso é que a realidade não deixa barato. Ela jamais se fantasia pra nos satisfazer. E o tempo continua correndo aqui, no mundo real. A vida não para, nem por um segundo, pra que a gente viva uma coisa de cada vez, ou pra que a gente retome os momentos que considere especiais ou importantes de alguma forma.
Daí, quando a gente vai lá, e "tira o pause", achando que dá pra retomar daonde parou... Não é assim, pra ninguém. Os personagens ainda são os mesmos, sem ser. A história ficou lá, mas a alma de cada um continuou vivendo na vida real - aquela que não para, onde o tempo corre e não perdoa, com todas as mudanças, e toda a bagagem dos anos que passam.
Saber continuar a história, a cada "pause", em cada novo momento, com o respeito e valor que se dá à ela, exige responsabilidade e consciência de todos os personagens - e essa é sempre a parte mais difícil, já que uma das coisas que fazem essas histórias serem atrativas pra muitos é justamente o gostinho do inconsequente.
É bem aí, meus queridos, que chegamos ao famoso beco sem saída. Uma história que merece um "pause", geralmente, é porque tem uma grande paixão ou um grande amor. Dessas que te fazem fazer loucuras, perder o medo, sonhar acordado, abrir mão do impossível, esperar e enfrentar, enfim, perder o juízo. Daqueles que, se "perder", viram a pessoa do avesso, que fazem vomitar as entranhas, que tiram o sono dos que hibernam e a fome dos comilões...
E, vamos combinar. Grandes amores e grandes paixões que precisam de "pause" tem alguma coisa errada. Me desculpem o palavreado, mas não to nem falando de fatores externos, porque cá pra nós, fodam-se os fatores externos. Nesse caso, falta aquilo que chamamos carinhosamente de "culhão", seja de um lado, seja de outro. Porque, chega um momento que... Pra quê mesmo o "pause"? Porque não deixar logo a parada rolar? A história não é boa o suficiente pra não se deixar morrer?! Como pode ser boa demais pra não se deixar morrer, mas não ser boa o suficiente pra deixar rolar?! Que porra é essa?
Outro dia me falaram que a gente tem o direito de ser feliz e deve ser feliz, desde que isso não vá causar a tristeza de outras pessoas. Eu já penso que nem sempre as outras pessoas tem o direito de impor a sua tristeza sobre a felicidade dos outros, porque isso é um peso que ninguém deveria carregar. A própria vida já é pesada demais pra se carregar sozinho.
...Então, às vezes, mesmo com as melhores histórias, é melhor chegar ao fim.
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